FATALIDADE NO OLIMPO
By mariamartha
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Na escuridão do quarto Psiquê acordou assustada com o barulho do castiçal. Sentiu algo estranho entrando em seu coração, como uma seta em brasa. Virou-se rapidamente a tempo de ver um vulto e observar um rosto encantador, sob a luz da vela caída no chão. Encantou-se com tamanha beleza do deus que passara na sua frente como um raio. Era Eros, que a admirava enquanto dormia, e assustado, feriu-se acidentalmente com uma de suas setas, experimentando, assim, a paixão.
Tomado de uma grande surpresa nunca vira tanta beleza.
O que eu fiz! “Pensou Eros”.
Os olhos de Psiquê o ofuscaram de tal forma que o deixou atordoado de amor, logo ele, que se acostumava espalhar o amor sem jamais sentir tal sentimento, tal emoção. O caçador temível, astucioso, ficou perplexo, confuso, desnorteado.
Com o coração palpitante de medo, Psiquê sentiu uma chama se acender dentro de sua alma de uma forma jamais conhecida, colorindo todos os seus sentidos. Não compreendia esse sentimento mágico que penetrava, ia invadindo tudo, sem visão, sem toque, mais sabe que ele está ali, que existe e, sem ele não pode mais viver.
Quando Eros se preparava para voltar ao Monte Olimpo, ouviu uma voz meiga como uma melodia igual o som que sai de sua harpa.
- Quem é você? Porque me feriste?
- Apareceste não sei de onde, entrastes em meus aposentos, feriu-me com a tua seta lançando-me esse doce amor e, depois foges de mim?
Eros deu um impulso e voou até o seu castelo e lá ficou recluso. Apaixonado... Tudo ficou vazio... Melancólico. O castelo sem o seu brilho platinado, seus bosques ao redor, sem fontes, sem flores... Todas as cores da natureza sumiram. A noite cai suavemente e ele sofre se entrega a morte. Implora a Zeus para que tenha compaixão. Zeus, então, ouve suas murmuras e ordena a Pégasus que o ajude a procurar por sua amada.
Então decide sair em busca da sua princesa e passa a vagar pelo mundo dormindo ao ar livre sob as estrelas e, passa a se alimentar do néctar.
Eros não parava de pensar naqueles olhos azuis que o fizeram mergulhar numa fantasia alucinante, enlouquecedor. Leva as mãos ate os olhos e sente as lágrimas escorrem pelo rosto da emoção maravilhosa que nunca sentira que chega assustar.
Psiquê segue na procura daquele que a enfeitiçou, seu rosto expressa sonhos e a esperança de reencontrar aquele pelo qual seu coração palpita e sua alma suspira.
No caminho incerto, não se dá conta do que se passa ao seu redor, nos bosques por onde passa, não percebe o silencio e a calma que só é quebrada com os sons harmoniosos dos pássaros e a beleza do vento que sopra e leva seus cabelos ao ar... Segue sua estrada e, por onde passa, vai perguntando por seu amor...
Várias luas se passaram... Junto com a luz do crepúsculo e o sol reluzente como ouro, mas, os amantes nunca se encontraram...
De repente! Surge no céu, em sua direção, um magnífico e majestoso cavalo alado com suas plumas brancas como neve esvoaçada pelo vento que se confunde com as nuvens. Era Pégasus veio buscá-la para finalmente conhecer seu amado.
- Pégasus! Exclamou Psiquê. Acariciando-o amorosamente, sorriu de alegria, pois, entendeu porque ele estava ali, montou nele e juntos voaram pelos ares entre campos e florestas. Até chegarem ao seu destino.
Surge na sua frente um lindo rio de água cristalina e perfumada, iluminado pela luz do crepúsculo. Estava tão cansada que mal se despediu de Pégasus que voou para o Monte Olimpo. E ali mesmo adormeceu encostada em uma pedra com os pés dentro d’ água.
Eros apareceu na curva da correnteza e ao ver a sua amada de vestes branca parcialmente molhada mostrava suas belas curvas deitada ás margens do rio.
Seu coração disparou subitamente de alegria, suas mãos ficaram frias e suadas, seus fixo olhar naquela figura era tudo que queria ver, levá-la consigo para sempre. Se entregar nessa vida sem fim, intensa e completa. Despertar para todos os sonhos, toda alegria de um passado sofrido de almas peregrinas.
Entorpecido de emoções corre pelas margens ao encontro do seu amor, mas, subitamente, aquele corpo imóvel desce pelas águas. Desesperado, luta contra a correnteza das águas para salvá-la, mas, só consegue um toque de mãos que se soltam lentamente das suas. O sopro frio da morte chega de esperas e saudades, agora suas curvas faces úmidas passam pelo rio, que desce face a face.
Eros cansado e fraco, passo a passo frente ao rio, suas mãos tremiam sem direção. Pegou um punhal e já sem vida e sem sua amada, resolve tirar-lhe o coração que Psiquê abriu um dia... Para ser só seu.
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Comments
Lovely story full of legend
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